quarta-feira, 28 de março de 2012

Millôr Fernandes - Homenagem

Abaixo, registro uma pérola do Millôr. Vale a pena ler!

FÁBULAS FABULOSAS: NA FRONTEIRA DA ESPERANÇA
Há muito tempo, existiam, em Pagos de Guantanamera, um famoso churrasqueiro e um
doidão por presunto defumado. Este, tendo à mão um presunto cru, resolveu
defumá-Io aproveitando a fumaça que saía da churrasqueira do famoso
churrasqueiro. Mas quando o doidão por presunto defumado ia saindo satisfeito,
mordendo o seu presuntão recém-defumado, o famoso churrasqueiro agarrou-o, gritando:
-Espera aí, seu ladrão! Ou paga uma pataca pela fumaça que usou ou vou defumar você todo!
A briga começou, juntou gente, até que um pacifista, que gostava de churrasco e também de presunto defumado, foi correndo chamar o juiz da vara de comidas e acepipes pra resolver a disputa. O magistrado veio imediatamente, ouviu os dois querelantes e perguntou ao acusado:
-Quanto ele quer lhe cobrar pelo uso da fumaça?
-Uma pataca, meritíssimo - respondeu o doidão por presunto defumado.
-Então me dá uma pataca - ordenou o magistrado.
O doidão por presunto defumado fuçou nos bolsos e entregou uma pataca ao magistrado. Mas este disse apenas:
- Você mesmo jogue com força a moeda na placa de ferro da churrasqueira.
O acusado obedeceu, a moeda quicou duas ou três vezes na chapa e caiu no chão. O magistrado então sentenciou:
- Pronto, considero que o som da moeda do presuntoso paga devidamente a fumaça do churrasqueiro. Curvou-se, botou a moeda no bolso e foi embora murmurando a palavra "honorários".
Moral: Onde só há fumaça não se deve chamar o Corpo de Bombeiros.

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